Técnicas para Melhorar a Memória

Agora vou dar-lhes algumas dicas para o desenvolvimento de uma boa memória. A primeira é muito simples, mas poucas pessoas sabem: a memória é influenciada pelo alimento que ingerimos. Memória e alimento estão relacionados: boa comida promove uma boa memória. Deve-se alimentar de comidas simples, puras e suaves; alimentos que excitam ou estimulam muito não são benéficos para a memória. Outra ótima dica para preservar a memória é desenvolver a calma. Quando a mente está em paz, pode-se lembrar mais; porém, se a mente está agitada, facilmente se esquece das coisas.

Nossa memória deve ser usada regularmente para que permaneça em boas condições. Assim, é muito importante que comecemos a contar mais com o nosso cérebro do que com computadores ou cadernos. Eu adquiri o meu primeiro telefone quando estava no nosso ashram em Jagatpur, na Índia. Naquela época, eu ainda não era monge. Ainda estava trabalhando num emprego formal. Telefonei para um amigo, um bonito homem espiritual, um dermatologista famoso, e informei a ele que agora eu tinha uma linha telefônica. Ele perguntou: “Qual o número?” Eu lhe passei o número, conversamos alguns minutos e, em seguida, desligamos. Um pouco mais tarde, o telefone tocou. Quando peguei o fone e perguntei quem estava falando, o médico respondeu: “Eu”. Perguntei-lhe se estava tudo bem, uma vez que tinha falado com ele havia apenas alguns minutos, e ele disse: “Sim, está tudo bem. Eu não anotei o número do seu telefone e só queria verificar minha memória”. Não é exagero dizer que esse médico memorizou milhares de números de telefone sem ter que escrever qualquer coisa em um caderno. Apenas reflita – milhares de números de telefone. Naquela época, ele estava no final de sua sexagésima década. Assim, uma ótima prática, que realmente funciona, é parar de usar o seu caderno de anotações e começar a usar a sua memória.

Ler em voz alta é uma técnica de memorização frequentemente ensinada para as crianças, mas ela funciona muito bem para os adultos. Quando você lê um texto e depois o repete em voz alta, três órgãos dos sentidos estão trabalhando simultaneamente. Porém, quando você lê algo silenciosamente, isso requer apenas um órgão dos sentidos. Por exemplo, suponhamos que eu leia um verso da Gita e cante-o em voz alta: tenho primeiramente de o ver com os meus olhos, dizer as palavras com minha boca e ouvir a minha voz com os meus ouvidos; assim, três órgãos sensoriais estão sendo trabalhados simultaneamente. Essa é uma técnica prática e fácil para melhorar sua capacidade de memorização. Se você tem uma criança que é desatenta, tem déficit de atenção ou algum problema de foco, essa prática será muito benéfica para ela.

Uma ótima maneira de melhorar a memória é recordar os nomes das pessoas que você conheceu no passado. Por exemplo, você pode tentar lembrar o nome de ex-colegas e amigos dos tempos de escola. Ou pode tentar lembrar de eventos que aconteceram em um determinado dia. Ao fazer isso, sua memória ficará mais ativa e dinâmica. No entanto, uma palavra de cautela para qualquer pessoa que use essa técnica – não tente lembrar-se de acontecimentos negativos. Lembre-se: experiências negativas do passado devem ser enterradas e jamais revividas. Por outro lado, as lembranças positivas devem ser lembradas e compartilhadas com outras pessoas.

Existe uma história no Mahabharata sobre uma menina recém-nascida que foi abandonada pelos pais e criada no eremitério de um grande rishi (sábio) chamado Kanvo. Quem, inicialmente, descobriu o bebê foram dois abutres que pairavam no céu. O abutre fêmea desceu e cobriu-a com suas asas para protegê-la da luz do sol; em seguida, o abutre macho voou para um eremitério vizinho e começou a puxar as roupas de um rishi que estava meditando, pedindo-lhe para vir ajudar. O rishi tornou-se tanto o pai quanto a mãe da criança, e ela morou com ele no eremitério. Os anos se passaram rapidamente e, em seu tempo, aquela menina se transformou em uma linda mulher. Ela se casou com um príncipe e assim começaram os preparativos para ela viver no palácio do marido. Pela manhã, quando ela partiu, o rishi, com o coração transbordando de amor, ficou na porta de entrada do eremitério observando-a afastar-se até sumir no caminho. Por muitos anos tinha sido a sua alegria assistir àquela angelical criança brincar nos bosques que rodeiam o ashram.

De repente, ele começou a clamar: “Oh, árvores, Oh, plantas, Oh, trepadeiras, ela está indo para o palácio de seu marido, vocês devem abençoá-la. Como uma mãe e um pai amorosos, vocês a têm abrigado em suas sombras e provido suas necessidades. E ela, por sua vez, cuidou tão graciosamente de vocês. Vocês eram como uma família, e pela graça de Deus vocês cresceram saudáveis e fortes. Então, abençoem esta criança para que sua vida seja cheia de paz e amor”. Diz-se que, quando essa jovem mulher andou pelo caminho, as árvores se abaixaram e tocaram sua cabeça, abençoando-a, e uma chuva suave de folhas e flores caiu sobre ela.

Embora essa história possa parecer ficção, isso realmente aconteceu. A jovem que se casou com o príncipe deu à luz um filho muito famoso, Bharata, nome pelo qual a Índia foi originalmente chamada. Você deve estar se perguntando qual a relevância dessa história para o nosso tema, mas, se você a contemplar por um momento, verá que diz respeito à memória. Na história, o rishi foi relembrando a infância da jovem senhora e ele também estava invocando as árvores para fazerem o mesmo.

Extraído do livro: Conheça Sua Mente, de Paramahamsa Prajnanananda

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