O Processo de Expansão da Consciência

A cada 12 anos, o corpo humano completa um ciclo e, consequentemente, aos 12, 24 e 36 anos de idade percebemos mudanças distintas em uma pessoa. As mudanças físicas também efetuam mudanças correspondentes na mente. Doenças e um estilo de vida desregrado retardam o processo normal de evolução. Nosso cérebro desenvolve-se em ciclos de 12 anos, de tal forma que se manifestam diferentes tipos de mentalidade. Nossos poderes intelectuais superiores crescem no processo e se manifestam em nossos esforços para compreender, analisar e controlar acontecimentos no espaço e no tempo. É um fato provado que o grau de manifestação do desenvolvimento mental de uma pessoa corresponde ao desenvolvimento de suas células cerebrais.

O cérebro é a potência elétrica suprema. Todos os centros estão interligados e agem sob a influência do centro supremo, o cérebro. As células cerebrais descarregam eletricidade ou correntes vitais que passam por diferentes nervos, os quais, respectivamente, carregam impulsos motores. A quantidade e a qualidade da descarga variam de acordo com o cérebro e seu estado de saúde. A base do cérebro descarrega em taxa diferente da que ocorre nos hemisférios cerebrais. Na saúde, o cérebro libera descarga em ritmo constante; na doença, isso varia. O distúrbio emocional causado pela ansiedade é acompanhado de atividade elétrica excessiva das células nervosas na base do cérebro, o que interfere no ritmo de descarga dos centros superiores.

O Cérebro Humano – O Reino de Deus

O fluxo elétrico do cérebro é a vida do organismo e é o meio através do qual todas as informações sensoriais chegam ao cérebro e causam reações nos pensamentos. Quando a eletricidade divina desce pelo corpo, ela repousa primeiro nos altares da coluna e do cérebro. Dos sete centros cérebro-espinhais a força vital ramifica-se em nervos sensoriais, mantendo a alma ocupada com as percepções materiais. Pela prática da Kriya Yoga, a consciência e a energia voltam novamente a centralizar-se na coluna; o yogi sente ali um tipo de alegria infinita, a prova da presença do Divino dentro dele.

Entre todas as partes do corpo, o sistema nervoso é o que está mais especialmente conectado à consciência. A mente é, assim, identificada com o processo neural. Psicólogos e neurologistas acreditam que existe um padrão de atividade neural subjacente a cada pensamento, cada percepção e cada ação. O sistema nervoso é uma estrutura extremamente complexa dividida em duas grandes partes: o sistema nervoso central e o periférico. O sistema nervoso central é formado pelo cérebro e pela coluna vertebral. Sua função é correlacionar e integrar e, assim, fazer as várias partes do corpo trabalharem juntas. A região periférica constitui-se de fibras nervosas que passam dos receptores ao sistema nervoso central e de fibras que passam do sistema nervoso central aos músculos e glândulas.

O sistema nervoso pode ser comparado com um serviço telefônico. Ele mantém todas as partes mais remotas do corpo em comunicação efetiva com a grande central, o cérebro. O sistema nervoso também é composto de células. Porém, essas células são altamente especializadas e diferentes das outras tanto na aparência como na função. Elas têm a capacidade especial de receber e carregar mensagens eletroquímicas ou impulsos nervosos. Uma célula nervosa pode, grosso modo, ser comparada com um único fio de um complexo sistema telefônico.

No cérebro humano, bilhões de células nervosas são entrelaçadas. Cada uma delas pode enviar mensagens para células, próximas ou distantes, por meio de complexas interconexões. Mesmo o mais sofisticado computador eletrônico é uma comparação pobre se confrontado com o cérebro humano. Quando, através da concentração, todas as células da coluna e do cérebro se voltam para a fonte cósmica, elas são magnetizadas. Nosso corpo é formado de trilhões de células. Cada célula é como um ser inteligente. Temos que educar e treinar essas células para conhecer tudo o que acontece no mundo. Este mundo e o universo, nossos pensamentos e sentimentos são apenas um átomo do Infinito projetado no plano da consciência. Nossa razão trabalha dentro daquele estreito limite definido pela rede de consciência, e não além.

Portanto, devemos usar outro instrumento para nos levar além. Tal instrumento, de acordo com Swami Vivekananda, é a inspiração. Shri Aurobindo concebe-a como a consciência supramental que se encontra além da mente. Só podemos atingi-la se pudermos despertar os mais altos princípios, a supermente, que se encontra escondida e adormecida dentro de nós. A supermente é a mente divina infinita, existência-consciência-bem-aventurança, o sat-chit-ananda na condição criativa. Buda enfatiza a importância de boddhi ou iluminação. Para fazer distinção do conhecimento comum, os pensadores da Índia usam o termo aparoksa para esse conhecimento não sensório imediato. O Dr. Radhakrishnan concebe-o como intuição. Intuição, como um conhecimento direto e absoluto da realidade, é reconhecida por muitos pensadores ocidentais, tais como Platão, Descartes, Spinoza e Bergson. É difícil definir intuição porque está muito próxima de cada um de nós. Todos nós a sentimos. Paramahamsa Yoganandaji diz que na intuição estamos sintonizados com a realidade, com o mundo da bem-aventurança, com a unidade na diversidade, com as leis internas governando o mundo espiritual, com Deus.

Essa intuição é absolutamente imediata. O conhecimento da alma é um exemplo de captação intuitiva. O conhecimento da alma é inseparável da existência da alma. Isso não pode ser provado porque é a base de toda prova. É a luz que não é a natureza, que não é a humanidade, mas que fez ambas. Portanto, instinto, razão e intuição são os três instrumentos do conhecimento. O instinto pertence aos animais, a razão aos seres humanos e a inspiração ou intuição ao Deus-homem. Essas sementes encontram-se, em maior ou menor quantidade, em todos os seres humanos; e uma forma transforma-se em outra. A razão se transforma em intuição e, assim, a intuição não contradiz a razão, muito pelo contrário, completa-a. Coisas que a razão não pode alcançar são trazidas à luz pela intuição e isso não contradiz a razão. Como Swami Vivekananda assegura: “O velho não contradiz a criança, mas a completa”.

Todavia, o conhecimento intuitivo não está confinado a uma região limitada do nosso pequeno ser e, por meio do sadhana (prática espiritual), pode ser expandido para alcançar toda a realidade. Assim como o pensamento pode ser cultivado, a intuição pode ser desenvolvida. Cada pessoa tem o poder da intuição tanto quanto tem o poder do pensamento. A aceleração da evolução humana é causada pelo desenvolvimento da intuição através da concentração. Todo o conhecimento vem da fonte interna, da alma sem limitação. Uma única vida não é suficiente para conhecer todos os mistérios da criação. A melhor maneira para se conhecer a verdade real é fazer uso do poder todo-conhecedor da intuição, dado a nós por Deus. Podemos acelerar nossa evolução aumentando o poder de concentração e nos libertarmos da vida animalizada ou do automatismo da vida humana. A intuição da raça humana só pode ser rapidamente desenvolvida através da meditação intuitiva, e não pelo processo sem fim da educação formal, fabricada pelo homem.

A meditação intuitiva é possível pelo processo científico da Kriya Yoga. Essa é a contribuição única e imortal da Índia para o mundo. A Kriya Yoga é o instrumento pelo qual a evolução humana pode ser acelerada.

Os santos da Índia descobriram que qualquer modificação no corpo chega ao cérebro por um processo lento; contudo, uma mudança efetuada no cérebro atinge o corpo imediatamente. Portanto, o processo de enviar a força vital ao redor da coluna e do cérebro produz efeito imediato e acelera a evolução. Usando o corpo como nosso laboratório, podemos fazer experiências sistemáticas e assim compreender o significado profundo e a eficiência da Kriya Yoga.

Assim como uma sensação forte e vibrante é sentida em todo organismo pelo contato com a corrente elétrica, igualmente a luz divina, o som divino e a vibração divina são experienciados pelo corpo do devoto logo após a prática científica da Kriya Yoga.

Essa é a experiência do despertar da superconsciência – o estado intuitivo de meditação. Estamos buscando uma experiência de Deus que seja tangível. A partir dessa experiência direta, a devoção a Deus torna-se mais profunda; sentimos interiormente a presença e realização do Ser Supremo. Se pudermos manter esse estado superconsciente todo o tempo, então poderemos alcançar rapidamente o estado de consciência cósmica.

Cada vez que praticamos Kriya sob a orientação direta de um mestre espiritual realizado, nosso sistema inteiro sofre uma mudança. Nosso poder cerebral e a receptividade mental são expandidos. A técnica da Kriya pode nos oferecer resultados matemáticos, proporcionais à intensidade e à profundidade da nossa prática. Ela é altamente eficaz em acelerar a evolução e é a essência e a síntese científica de todas as yogas ensinadas na Índia. Não é apenas uma ciência antiga, mas uma profunda filosofia de vida que, quando cultivada, pode moldar e conduzir
de maneira melhor a vida da humanidade neste planeta.

Extraído do livro: Kriya Yoga, de Paramahamsa Hariharananda

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