O Estado de Escravidão

Quando as pessoas se esquecem de Deus, o aspecto divino da vida, suas propensões para a fraqueza e a maldade aumentam. Seus pensamentos, palavras e ações se tornam materialistas, impulsivos e impuros. Devido à ignorância e arrogância, estão afastadas de Deus.

No corpo humano, os órgãos dos sentidos são extrovertidos, sempre ligados ao mundo exterior. Os sentidos extrovertidos e a mente sempre nos empurram para baixo. Embora os seres humanos sejam “filhos de Deus”, eles estão emaranhados numa rede de ilusão, fantasia e erro, esquecendo-se da alma em seu interior, de maneira que a vida se enche de ansiedade, medo, sofrimento e preocupação. “Se você fizer o bem, não será aceito? Mas, se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo” (Gênesis 4:7).

O reino de Satanás na forma de tentações está por toda parte. Apenas uma pessoa sábia, pelo esforço sincero, pode superar as tendências negativas e permanecer na verdade. Mas quem vive na consciência corporal, acreditando que é um corpo e não uma alma, não passa de um escravo do corpo, vivendo no cativeiro do gozo dos sentidos. Uma vida de apego ao mundo é a causa de todo o mal. Pessoas que se identificam com o corpo são escravas dele, dos sentidos, da mente, dos pensamentos e do ego. Permanecem inquietas e não têm paz.

Um escravo não é independente. Trabalha dia e noite para satisfazer o dominador do corpo, a mente. Ela produz desejos ilimitados e impossíveis de serem saciados. Pode qualquer combustível saciar o fogo? Experimente lançar combustível continuamente ao fogo e você o verá crescendo cada vez mais, apesar de ele consumir-se a si mesmo.

No Egito, o povo de Israel vivia em escravidão, trabalhando duro, dia e noite. Mesmo assim, o faraó não os libertava. Esquecimento da alma é escravidão. O prazer proporcionado pelos sentidos é temporário, nunca levando a um estado de felicidade permanente. Lembrar-se da alma e percebê-la continuamente nos leva a um estado de verdadeira independência, que produz um sentimento interior de alegria, felicidade e paz duradoura. A verdadeira independência consiste em libertar-se das amarras da consciência do corpo e da inquietação avassaladora da mente.

Todas as pessoas são capazes de desenvolver qualidades positivas, como amor, pureza, fidelidade, honestidade, simplicidade e devoção, assim como qualidades negativas, como raiva, orgulho, ego, vaidade, hipocrisia, ciúme, calúnia e imoralidade sexual.

A vontade de Deus é que “meu povo ande comigo”. Mas quem pode andar com Deus? “Noé era um homem justo, íntegro entre o povo da sua época; ele andava com Deus” (Gênesis 6:9).

Abraão acreditava no Senhor e o Senhor disse a ele: “Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu escudo; grande será a sua recompensa!” (Gênesis 15:1). “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; ande segundo a minha vontade e seja íntegro” (Gênesis 17:1). Abraão sempre foi humilde. A humildade é a maior virtude espiritual. Abraão sempre “curvou-se até o chão” (Gênesis 18:2).

Pessoas espirituais sempre sentem que Deus está com elas o tempo todo. Esforçam-se ao máximo para se tornarem cada vez mais puras e divinas. No corpo humano, as boas qualidades são representadas por Noé, Abraão, Isaac, Jacó, José, Aarão e Davi.

Inúmeras qualidades negativas e repulsivas nos deixam impuros e nos separam de Deus. Uma pessoa que vive na consciência do corpo, que busca constantemente satisfazer a mente cega, “o faraó”, é escrava do corpo e dos órgãos dos sentidos. A mente humana é muito complexa; a mente comum nunca está satisfeita; está sempre insegura e cresce em meio à confusão.

Todos devem enfrentar as situações da vida que compelem as qualidades negativas a virem à tona. Quando as qualidades positivas são deixadas de lado, as qualidades negativas predominam. Nos tornamos escravos da mente e trabalhamos dia e noite para conquistar, possuir e acumular riquezas materiais, achando que isso é necessário para a nossa segurança. Mas a única segurança verdadeira está em Deus. O verdadeiro escudo é o Senhor. Quando nos esquecemos dessa verdade, nos envolvemos com os desejos que habitam nos centros inferiores da coluna vertebral: dinheiro, prazer físico, comida e emoções inferiores. Trabalhamos muito, mas permanecemos insatisfeitos. A mente impura nunca está satisfeita.

O faraó (a mente, soberana da consciência do corpo e dos desejos ligados ao mundo) é sempre opressivo e explorador. Como resultado, os seres humanos não conseguem experimentar o espírito da liberdade e serem independentes do aprisionamento do corpo e dos sentidos.

Na meditação da Kriya Yoga, o buscador pode desfrutar da verdadeira liberdade por meio do domínio da mente e dos órgãos dos sentidos. Nesse estado, percebemos que o verdadeiro mestre é a alma que habita em nós.

Extraído do livro: A Torá, a Bíblia e a Kriya Yoga, de Paramahamsa Prajnanananda

2 comentários

  1. Aí está, muito bem exposto, um trabalho interior que irá perdurar a eternidade – A PURIFICAÇÃO !

  2. Este livro me encantou ,passei a estudar a Bíblia da mesma forma que eu estudava os livros sagrados indianos.

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