Evolução Emergente
Em seu livro Evolução Emergente, Morgan diz: “Evolução é o nome que damos para os eventos naturais que ocorrem dentro de um plano sequencial compreensível”. Bergson, pensador francês, sugere que a evolução do mundo pode ser explicada satisfatoriamente, ao se admitir que há uma força viva comum que está trabalhando constantemente para manter o equilíbrio e a harmonia. Essa força é por ele chamada de “ímpeto vital” – o élan vital. É idêntica à realidade básica ou força subjacente em toda manifestação.
Observa-se que o ímpeto vital se esforça para manifestar-se no mundo em diferentes tipos de ambiente material. Como resultado, a evolução da vida ocorre em três linhas principais: plantas, animais inferiores e seres humanos. Nas plantas, a consciência ainda está em estado de dormência ou torpor, ao passo que nos animais ela está parcialmente liberada da excessiva influência do corpo material e do meio ambiente, evidenciada pelo poder de sensação e de movimento. Nos seres humanos, a consciência suplanta a matéria, especialmente na ação inteligente, precedida de escolha deliberada e liberdade de movimento. As três principais tendências que auxiliam na distinção das três linhas mais importantes, ao longo das quais a vida evoluiu, são: o torpor vegetativo, o instinto animal e a inteligência humana.
Para produzir um novo indivíduo, duas células germinativas vivas – o espermatozoide do pai e o óvulo da mãe – unem-se por ocasião da concepção. Ambos, o óvulo e o espermatozoide, contêm estruturas de minúsculos filamentos chamados de cromossomos, os fios da vida. A vida não é um subproduto da matéria, porque a qualidade daquilo que é vida vitaliza e penetra a matéria, determinando o grau de complexidade requerido para a emergência da atividade biológica. A mente surge num organismo vivo com o mais alto grau de complexidade. Embora a vida se manifeste em qualquer corpo material, a constituição de um corpo vivo demonstra novos tipos de relacionamento e características, quando suficientemente evoluídas, para possuir o poder do pensamento.
A matéria vista externa e superficialmente aparenta ser inconsciente, assim como um corpo humano ou uma planta pode parecer inconsciente ao nos basearmos somente em nossa observação externa. Todavia, plantas e até mesmo metais exibem sintomas de sensibilidade quando aferidos por instrumentos científicos de alta precisão. De acordo com Shri Aurobindo, matéria é a Autoexpressão do Absoluto, o qual, jocosamente, mergulhou a Si próprio num sono aparente a fim de desfrutar a delícia da autodescoberta, ascendendo novamente a Si próprio através de sucessivos estágios de evolução. A matéria é essencialmente criativa; matéria é atividade. A atividade criativa observada na matéria inorgânica é mais evidente no comportamento da matéria viva.
Com a emergência da consciência no organismo, uma nova qualidade é gerada, que não pode ser completamente reduzida nem à matéria nem à vida. A consciência da alma indica um grau superior de consciência e é um novo nível de emergência. O ser humano é um microcosmo do universo. As três primeiras manifestações da Realidade – matéria, vida e mente – estão incorporadas nos seres humanos. Além do mais, o ser humano tem uma entidade psíquica interna e eterna, chamada de alma, em torno da qual seu corpo, vida e mente são organizados como uma entidade individual que armazena as experiências individuais e perdura através das mudanças do corpo, da vida e da mente.
De acordo com os Upanishads, matéria (anna), vida (prana) e consciência perceptiva (manas) são as verdadeiras expressões do Espírito. O espírito no ser humano é a realidade subjacente em toda existência. Alma, Deus e Absoluto são todos nomes de um Espírito Universal em seus diferentes aspectos. A alma é a manifestação do Espírito na forma humana através do corpo e da mente. O ser humano, como a matéria, a vida e outras manifestações do Espírito, é um conjunto organizado. É o último e o mais elevado produto do processo criativo da evolução emergente.
A realização consciente da união da humanidade com o Espírito é o objetivo da vida e, consciente ou inconscientemente, cada pessoa tenta avançar em direção a essa meta. O espírito de uma pessoa está permanentemente brilhando nela. Quando a pessoa realiza sua união com a Alma Universal – sua própria existência espiritual –, torna-se um com o universo. Meditação é o caminho para a descoberta da alma. Para conhecer a verdade precisamos ir mais fundo. Só existe um método para se adquirir conhecimento. Da pessoa comum ao mais elevado yogi, todos devem usar o mesmo método, e esse método é a concentração. Esse é o golpe que abre os portões da natureza e permite a inundação da luz. Concentração é a única chave para o tesouro do conhecimento. O poder da mente humana é ilimitado. O segredo do mundo é nosso se soubermos como bater, como desferir o golpe necessário. O poder e a força do golpe vêm por meio da concentração.
Existem três tipos de instrumento do conhecimento. O primeiro é o instinto, que é mais desenvovido nos animais. Esse é o instrumento de conhecimento mais inferior. Nos seres humanos, ele desenvolve-se através da razão. Ainda assim, a razão é insuficiente. Para alcançar a perfeição é essencial uma maior evolução. Através da prática da Kriya Yoga durante um ano, obtém-se um resultado de muitos anos de evolução. O grande método científico consiste em magnetizar e enviar a corrente para cima ao redor do cérebro e da coluna vertebral e, dessa maneira, garantir um ano de evolução em cada inalação e exalação, o que equivale a uma Kriya. Quando, pelo efeito purificador de Kriya, as células cerebrais se purificam, elas são tocadas pelo magnetismo divino. Cada célula torna-se vibrante com a energia divina, atingindo o estágio de Consciência Cósmica. Todo conhecimento do mundo é entendido facilmente.