Perguntas e Respostas com Paramahamsa Hariharananda – Parte 1

P.: Se eu praticar Kriya Yoga, isso vai atrapalhar a minha vida familiar?

R.: A cada momento, nossos pensamentos mudam e, portanto, mudamos nosso estado de ânimo. Ao praticar Kriya Yoga, você sente que é apenas a sua alma que está meditando. Isso não vai atrapalhar a sua atividade em família, porque não é você quem está agindo em família, mas a alma. Tudo que você fizer estará sendo feito pela alma. Essa percepção não entra em conflito com a vida familiar. Suponha que você sinta fome. Nessa hora, você não está desligado da alma. O desejo pela comida lhe é dado pela alma. Você poderá perceber isso praticando Kriya Yoga; a prática o levará à perfeição. Através de cada atividade, você poderá sentir que Ele está agindo. Praticando a Kriya, seus humores certamente desaparecerão. Da mesma forma, quando a paixão se manifesta, a ira não pode aparecer ao mesmo tempo, apenas a paixão permanece no corpo. E quando a ira está presente no corpo, a paixão não pode entrar. Quando estou sorrindo, não posso verter lágrimas. Apenas um temperamento permanece, e esse temperamento é dado pela alma.

P.: É essencial ler as escrituras sagradas para conhecer a Kriya Yoga ou alcançar a realização divina?

R.: Certamente. Mas, quando você pratica Kriya Yoga, não precisa das escrituras. Suponha que nas escrituras esteja escrito que meditando você alcançará Deus. Se apenas ler o texto, você não alcançará Deus. Um grama de prática é melhor que toneladas de teorias. Se apenas entoar “Deus, Deus, Deus”, você não poderá realizar Deus. Se entoar “comida, comida, comida” − e ler um livro sobre comida −, sua fome não desaparecerá. Mas ao meditar profundamente, você encontrará a Verdade. Devemos ler as escrituras ou buscar Deus em nossas atividades diárias? Através de cada atividade devemos buscá-Lo.

P.: Como é a técnica da Kriya Yoga?

R.: Se você quiser se tornar um médico, você precisa ir à faculdade de Medicina. Você precisa ingressar no curso. Mas, se ficar apenas do lado de fora da universidade e perguntar: “Como posso operar um paciente, doutor?”, você não poderá aprender. Se quiser aprender a técnica da Kriya Yoga, você deve ir ao ashram, sentar-se e me dizer que quer aprender a técnica. Então, certamente você aprenderá. E vai perceber as três qualidades divinas pelo toque do mestre realizado.

P.: É essencial procurar um guru? Qual é a relação entre guru e discípulo?

R.: Gu é o corpo invisível habitando o corpo físico, pelo qual você pode falar; ru é o seu corpo físico. O corpo físico se mantém pelo poder do corpo invisível. Portanto, guru não significa algo negativo pelo qual você deva ter uma aversão mental. Quando você vai à escola, aprende alguma coisa com o professor. Quando duas pessoas se juntam numa vida familiar, aprendem uma com a
outra, não é verdade? Qual é a relação entre elas? Se estabelecem uma relação de marido e mulher, podem compartilhar suas vidas. Podem seguir adiante juntas. Podem receber amor. Suponha que um homem se torne seu conhecido. Ele dará todo o dinheiro dele a você? Mas, se vocês se tornarem amigos ou se ele fizer parte da sua família, certamente poderá lhe dar muitas coisas. Da mesma forma, se você aprender a técnica comigo, certamente haverá uma relação entre nós. Eu sentirei como se você fosse meu filho. Através de mim, você aprenderá a ser humilde. Se não tiver humildade, se não tiver receptividade, então não é um buscador verdadeiro e não haverá relação entre nós. A relação entre aquele que está ensinando a técnica e aquele que está aprendendo é a relação entre guru e discípulo. Na Índia, os professores são chamados de gurus. O chefe é chamado de guru. Ou seja, a palavra “guru” é usada em um sentido mais amplo na Índia. Nos países ocidentais, muitas pessoas têm uma impressão errada sobre o significado da palavra “guru”. Quando ouvem “guru”, sentem dor de cabeça. Está claro? Tal pessoa certamente dirá: “Swamiji, muito obrigado. Não posso lhe hospedar. Não posso lhe dar alimento. Por favor, vá embora”. Mas, se eu for à casa de um discípulo e disser: “Baba, desejo ficar na sua casa e fazer minhas refeições aqui”, então o meu discípulo dirá: “Oh, Baba! Estou muito feliz. Venha comigo, coma a comida que vou preparar e fique com a minha cama. Fique à vontade!” Por quê? Porque ele recebeu algo de mim: mais espiritualidade. Portanto, existe um relacionamento. Esse relacionamento é chamado de guru-chela. Mas se você sente apenas uma alergia mental pelo guru, não prosseguirá no relacionamento.

P.: Qual é a diferença entre tranquilidade e divindade?

R.: A não ser que você se torne uma pessoa tranquila, não poderá alcançar a divindade. Portanto, a calma e a divindade são uma coisa só. Você precisa ser mais calmo. Você tem que realizar algum trabalho e, através desse trabalho, obterá algum conhecimento. Ao aprender algo por meio do estudo, você pode trabalhar numa empresa; o resultado do seu conhecimento é o dinheiro que entra no seu bolso. Ou seja, isso lhe trará mais amor, paz, felicidade e alegria. Praticando Kriya, você estará obtendo conhecimento, superconsciência e supersensação em seu corpo. Essa sensação lhe dará amor. A menos que você tenha percepção, compreensão e realização de Deus, não poderá desenvolver amor por Deus. Se você vai para o trabalho e não ganha dinheiro, você não tem amor, paz ou alegria. Então, o amor só é possível quando a pessoa está recebendo algo por sua ação. Se você conhece a superconsciência, então pode perceber o superestado, ou seja, a luz divina, o som divino e a vibração divina em todo o seu corpo. Experimentando isso, você poderá sentir que Ele está inalando através de suas narinas. Essa inalação é a base de todas as religiões. Essa inalação é a força vital de todas as religiões. Então, você se sentirá compromissado com Deus e sentirá amor por Ele.

Extraído do livro: Kriya Yoga, de Paramahamsa Hariharananda

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