Os Atributos do Guru

O guru, o preceptor, o mestre do caminho espiritual é o amigo, o filósofo e o guia do aspirante que o conduz constantemente à meta divina. O mestre é, ele mesmo, realizado. O professor de medicina torna seus estudantes igualmente qualificados tanto na teoria quanto na prática. Da mesma forma, o preceptor espiritual treina o discípulo para estar pronto e apto em todos os aspectos para alcançar a Realidade Suprema. O guru dissipa a escuridão da ignorância da vida do discípulo e o ajuda a andar no caminho da luz, isto é, da sabedoria. Aquele que caminha na luz nunca tropeça.

As escrituras das diferentes religiões enfatizam repetidamente que sejamos cuidadosos, seletivos e examinemos atentamente antes de aceitar o mestre, porque há muitos falsos profetas (mestres em pretensão e exibição exterior). Assim, o discípulo não será enganado.

As escrituras enfatizam as qualidades do mestre, que devem ser cuidadosamente observadas. O mestre é aquele que realizou a Verdade − isto é, Deus − e ensina os outros a alcançar o objetivo com todos os esforços. O guru ou mestre é aquele que é mestre do corpo, dos sentidos e da mente, e não um escravo deles. O mestre é o mestre do ser inferior e está fundido no Ser Supremo. O mestre é, ele mesmo, o caminho espiritual, e isso não se obtém através do diploma de uma escola, universidade, instituição religiosa ou de uma família; é, acima de tudo, um estado de aquisição espiritual.

O mestre é o porta-voz do conhecimento supremo (paravidya) e mestre de habilidade especial.

O mestre é o templo vivo da espiritualidade e da sabedoria. A sabedoria espiritual não pode ser coletada de livros ou de leituras, discussões ou conversações, mas do aprendizado com um mestre competente.

O guru é a lâmpada acesa que ilumina o candeeiro da vida espiritual dos discípulos, dissipando a escuridão da mente e do coração, para que eles não andem mais no caminho da escuridão, da miséria e do sofrimento.

No Guru Gita está escrito (4:111):

“Oh, minha discípula Parvati, há muitos que clamam e falam orgulhosos de si mesmos proclamando serem gurus, mas seus olhos estão constantemente na prosperidade de seus discípulos, em como explorar e extrair bens materiais, mas, por outro lado, o verdadeiro guru realizado é muito raro, e ele está constantemente tentando afastar os perigos, dificuldades, distúrbios, ilusão e ignorância do discípulo.”

No Mundaka Upanishad (1:2:8) está declarado:

“Permanecendo na ignorância e pensando consigo mesmo ‘Sou sábio e erudito’, os tolos com natureza prepotente vagueiam como cegos guiados por cegos. O resultado é evidente.”

No Tantra Sara, um antigo texto espiritual na Índia, as qualidades do mestre são explicadas detalhadamente. O guru, o preceptor, deve ser:

shanta: ter completo controle sobre a mente e outros instrumentos internos, isto é, buddhi (intelecto), ahamkara (ego), chitta (mente);

danta: ter controle total sobre os sentidos (órgãos do conhecimento e órgãos das ações), ser autocontrolado;

kulina: normalmente vindo de uma família espiritual; uma família dotada de pureza, nobreza, generosidade e amor divino;

vinita: cheio de humildade;

shuddhaveshavan: vestir roupas puras e limpas. Simbolicamente, a roupa laranja que os monges vestem representa a cor do fogo queimando toda a negatividade, incluindo a consciência do corpo;

shuddhachara: humilde, ter maneiras gentis, incorporar uma natureza nobre e ter comportamento divino;

supratishtha: bem estabelecido na Verdade, constantemente consciente de Deus;

suchi: pureza; estar sempre consciente da alma que habita interiormente e é sempre pura;

daksa: capaz, competente, eficiente e especialista em remover dúvidas dos discípulos e discipliná-los para a meta da realização;

subuddhiman: dotado de inteligência divina, não de inteligência material ou mundana;

ashrami: que vive em um ashram, preenchendo os requisitos da vida de ashram;

dhyananishtha: sempre em atitude meditativa e contemplativa, sempre na consciência de Deus;

tantra visharada: conhecedor da técnica necessária para a autorrealização;

mantra visharada: versado no segredo da espiritualidade das escrituras e do conhecimento prático;

nigrahe kshama: que tem o poder de disciplinar os outros;

anugrahe kshama: capaz de perdoar e guiar o discípulo no caminho divino com amor e compaixão.

Qualquer um, favorecido por essas qualidades, é, sem dúvida, um exemplo ardente de pureza, espiritualidade e autorrealização.

Extraído do livro: Kriya Yoga, de Paramahamsa Hariharananda

3 comentários

  1. Excelente livro, cheio de sabedoria para a humanidade.
    Jai Gurudev!

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