Mente, Intelecto, Ego e Memória

Vamos agora discutir de forma um pouco mais elaborada sobre a mente, o intelecto, o ego e a memória. Esses quatro instrumentos internos estão dentro de cada um de nós, mas são utilizados sem dominarmos suas complexidades e sofremos muito por causa disso. Vamos entender esses quatro instrumentos internos em detalhes, especialmente o ego.

Nossos corpos densos e sutis, os cinco órgãos de percepção e os cinco órgãos de ação são formados pelos cinco elementos: terra, água, fogo, ar e espaço (éter) em sua forma densa ou pura, coletiva ou individualmente. Nosso corpo denso depende desses cinco elementos de uma forma ou de outra, através dos alimentos que consumimos, do ar que respiramos e do espaço em que vivemos. Quando o corpo denso morre, ele volta para a sua fonte através da sua decomposição.

Enquanto ainda no corpo físico, as substâncias sátvicas agregadas aos cinco elementos tornam-se os quatro instrumentos internos: mente, intelecto, ego e memória. Esses quatro instrumentos são feitos de matéria sutil podendo serem regulados e controlados através de um pequeno esforço estratégico.

A mente é o instrumento de deliberação e ela geralmente nos confunde. É aí que está a nossa capacidade de duvidar. A mente nada mais é do que um fluxo de pensamentos que surge durante a vida de cada pessoa. Quando esse fluxo é regulado e filtrado, a qualidade dos pensamentos é transformada. O intelecto, por outro lado, é a nossa capacidade de decidir. Quando a mente está confusa e indecisa, o intelecto nos permite tomar uma decisão. A função do intelecto é decidir corretamente e no momento adequado. Uma pessoa inteligente consegue realizar muitas coisas quando toma a decisão certa, no momento certo, e consegue trabalhar pacientemente para concretizar suas decisões na vida.

Nossa habilidade de pensar, deliberar e de tomar boas decisões é possível através do resultado de nossas experiências passadas. Essas experiências ficam guardadas em nós e podemos lembrar delas graças à nossa memória. Somos todos abençoados com essa capacidade. Tem sido observado que os animais e até mesmo as plantas possuem memória. Percebeu-se então que os animais domésticos se lembram de muitas coisas.

Apesar de termos uma memória, não fazemos bom uso dela. Normalmente lembramos de muitas coisas que deveríamos esquecer e esquecemos de muitas que deveríamos lembrar. Uma memória saudável lembra das coisas no tempo certo. Se não conseguimos lembrar das respostas na hora de uma prova, qual é a utilidade da memória? Uma pessoa é capaz de memorizar muitas coisas. Bhagavati Charan Glosh, o pai de Paramahamsa Yoganandaji, decorou todo o dicionário de inglês usando sua capacidade de memorização.

O quarto instrumento interno é o ego, a faculdade de criar o nosso senso de individualidade ou de identidade única. Ele cria uma forte percepção de autoria, um sentimento de que “sou eu quem faz” em cada atividade.

Os quatro instrumentos internos (antahkarana) são claramente conhecidos por pessoas inteligentes e, especialmente, por buscadores espirituais. Quando queremos realizar um bom trabalho ou nos sentamos para orar e meditar, conseguimos facilmente ver que a mente é agitada e turbulenta e que o ego prega peças a todo momento. Esses quatro instrumentos internos não cometem erros. Os erros são o resultado de um treinamento inadequado e do mau uso da mente, memória e ego. Os instrumentos não possuem defeitos, mas nas mãos de pessoas sem experiência, podem produzir resultados indesejáveis.

Vamos entender o ego ainda mais claramente. Na filosofia védica e iogue, cada órgão dos sentidos e cada instrumento interno possui uma divindade que a governa. Em outras palavras, um aspecto particular de Deus energiza o instrumento como resultado do nosso karma e desejo. A divindade que governa a mente é a lua, a do intelecto é Brahma, a do ego é Rudra, e a da memória é Vasudeva (para uma discussão mais elaborada, leia “O caminho do conhecimento”, livro do autor). Cada divindade governante influencia os instrumentos. A lua afeta a mente e o mesmo acontece com os outros instrumentos.

Extraído do livro: Entendendo o Ego, de Paramahamsa Prajnanananda

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