Carregando a Cruz

Jesus ensinou Seus seguidores a carregar a cruz. O relacionamento entre professor e aluno é único. O mestre transmite seus ensinamentos com imensa compaixão e amor. O aluno sincero tenta seguir os passos do mestre realizado com verdadeira compreensão e devoção.

Na filosofia iogue, a coluna e o cérebro representam a cruz no corpo humano, o lugar onde devemos nos concentrar para realizarmos Deus. Cristo vive em todos os seres humanos no sexto
centro, o ajna chakra, no cérebro, próximo à pituitária. No estado meditativo, o buscador espiritual deve elevar a sua consciência da base da coluna até o centro crístico e então fundir-se à consciência divina, onde há infinita paz, bem-aventurança e alegria.

Toda atividade humana só é possível através do cérebro e da coluna, e somente em virtude da respiração e da alma. Todos os seres humanos deveriam tentar regular suas atividades. Carregar a cruz é a principal virtude do verdadeiro discípulo; implica controlar, disciplinar e purificar todas as tendências do comportamento mundano que estão armazenadas na coluna e no cérebro.

Na Índia, no momento de suas iniciações monásticas, dá-se aos monges recém-ordenados um bastão de bambu em forma de cruz com seis nós, onde também há uma pequena cruz no final do sexto nó. No topo do bastão se destaca um remate de bambu. Esse bastão é chamado de danda, como em dando damayatam asmi: “O bastão é o símbolo da disciplina.” (Bhagavad Gita 10:38)

Enquanto alguns monges queimam o danda num fogo sacrificial, outros o carregam em seus ombros. Esses monges são chamados Dandi Swami − “monge com a cruz”. Uma antiga escritura hindu afirma:

danda kamandalu dharana matrena
narah narayano bhavet

“Um monge carregando um danda (uma cruz) na mão e um pote de água está sempre no poder vivo de Deus, unido à consciência divina.”

A explicação metafórica oculta é que o danda do monge representa a sua coluna, o símbolo da atividade humana, dos seus pensamentos e emoções. Os seis nós representam os seis centros
de energia. A cruz no sexto nó é o ponto onde está a consciência (a alma, Cristo). A parte superior do danda fica aberta, representando o sétimo chakra, na fontanela, o centro de Deus. Uma pessoa carregando um danda simboliza o perfeito controle sobre a coluna e o cérebro, assim como sobre as tentações do mundo. O kamandalu, o pote de água, simboliza o cérebro, que deve estar repleto de amor divino.

O significado elementar da palavra yoga é união. Não é apenas a união do corpo e da alma, mas também a nossa união com Deus. União em matemática é a combinação de dois números ou o sinal de adição (+). A cruz, no cristianismo, também significa união com Deus. A meditação é a chave para realizarmos a natureza divina da alma. A fim de seguirem verdadeiramente os ensinamentos de Cristo e de realizarem Deus, os discípulos devem se libertar do ego e da vaidade através do controle de seus apegos pelas atividades humanas. Jesus ensinou que todo buscador espiritual deve carregar uma cruz. Da mesma forma, todo iogue tenta perceber as qualidades divinas no cérebro e na coluna, a cruz no interior do templo de todo corpo humano.

Por meio da prática regular da meditação, o devoto controla e purifica o cérebro e os sete chakras ao longo da coluna, alcançando, por fim, o estado de consciência crística, pleno de pureza, verdade e amor em cada ação.

Extraído do livro: A Torá, a Bíblia e a Kriya Yoga, de Paramahamsa Prajnanananda