Acharya Shankara

Bhagavatpada Acharya Shankara, o expositor da escola de pensamento Advaita, é uma das maiores almas que o mundo já conheceu e é conhecido como um reformador social e religioso, filósofo, professor, místico, pensador e visionário. Durante um período de declínio na crença do hinduísmo, ele reacendeu a sede pela vida espiritual baseada nas revelações védicas. A crença popular é que o próprio Senhor Shiva se manifestou como Acharya Shankara, um belo professor que reviveu os valores humanos em declínio.

Acharya Shankara teve uma vida de lutas intermináveis, obstáculos e problemas que foram enfrentados com amor, ousadia e consciência divina. Ele foi bem-sucedido em atingir o objetivo da vida, e é por isso que ainda hoje lembramos dele, dos seus ensinamentos e da sua profunda compreensão da vida.

O título acharya (um professor com experiência e excelência espiritual) é normalmente atribuído a alguém que escreveu comentários sobre os três conjuntos de textos espirituais clássicos, os Upanishads, a Bhagavad Gita e o Brahma Sutra, conhecidos como prasthana trayi (três conjuntos de escrituras que ajudam os buscadores a sair do mundo da ilusão). Acharya Shankara comentou sobre os dez principais Upanishads, a Bhagavad Gita e o Brahma Sutra. Ele também escreveu muitos textos clássicos sobre Advaita Vedanta e inúmeros hinos ricos em sabedoria e devoção divinas.

Acharya Shankara era um belo jovem que, como Jesus, viveu apenas brevemente neste mundo – por trinta e dois anos. Quantos de nós temos mais de trinta e dois anos? Muitos já cruzaram esse limite. Lembre-se de que a beleza da vida não é o quanto vivemos, mas como vivemos. Qual é a qualidade de nossas vidas? Somos pacíficos e amorosos interiormente?

Quando nossas vidas são pacíficas e amorosas, a nossa presença cria amor e paz aonde quer que formos. Estamos realmente aproveitando esta vida? A nossa presença traz alegria aos outros, ou estamos apenas fazendo muita fumaça?

Quando estamos confusos, confundimos os outros. Quando estamos inquietos, deixamos os outros inquietos. Quando somos emotivos, deixamos os outros emotivos. Quando estamos estressados, criamos estresse nos outros. Quando estamos tensos, criamos tensão nos outros. Alguma vez consideramos como o nosso humor afeta os outros?

Que tipo de vida estamos levando? A escritura Viveka Chudamani, de Acharya Shankara, nos diz que somos abençoados pela graça divina quando temos três coisas raras: um nascimento humano, a comunhão com um ser realizado e o desejo de evolução e libertação espiritual. Quando visitamos lugares espirituais, participamos de discussões sobre as escrituras ou vivemos na companhia de um mestre, isso não é apenas raro, mas também nos ajuda a crescer em todos os sentidos e a nos aproximar da nossa emancipação espiritual. Devemos nos esforçar com sinceridade a cada passo e sempre questionar se o nosso esforço é realmente sincero e sério, ou se estamos simplesmente vivendo de qualquer maneira, ou ainda, se estamos flutuando nas ondas, ou mergulhando fundo no oceano. Quando flutuamos nas ondas, temos altos e baixos e recebemos beijos e chutes. A nossa vida é assim?

A vida de Acharya Shankara foi realizada e completa. Como é possível tornar a vida completa e bela? Em apenas trinta e dois anos, Acharya Shankara não apenas transformou completamente a sua vida, mas também transformou e influenciou a vida de milhões de pessoas. Essa é a beleza de uma vida completa. Jesus viveu uma vida de perfeição, inspirando muitos durante a sua vida e até hoje os seus ensinamentos ainda inspiram muitos por todo o mundo. Qual é a qualidade das nossas vidas? Passamos os nossos dias buscando a perfeição?

Uma das dificuldades que Acharya Shankara enfrentou foi a morte da sua mãe. Sendo o seu único filho, era o desejo dela que ele estivesse presente no momento de sua morte. Acharya Shankara, no entanto, não foi capaz de realizar o seu último desejo sem criar alguma controvérsia durante o processo. Ele já era um monge quando sua mãe estava em seu leito de morte, e isso criou alguns problemas. Sempre que alguém faz votos monásticos, a vida familiar, os laços familiares e as obrigações mundanas são renunciados. Mas como filho fiel de uma mãe amorosa, Acharya Shankara a aceitou como o seu primeiro guru, prometendo cumprir o seu pedido final. No entanto, quando ele estava ao lado do leito de sua mãe, no momento do seu último suspiro, os membros da sua família ortodoxa e os moradores locais não aprovaram a sua conduta, perguntando-se por que um monge viria até a sua mãe quando esse já não era mais o seu dever. Eles ficaram tão indignados que se recusaram a ajudá-lo a carregar o cadáver dela até o local da cremação.

Imagine um jovem monge que renunciou à sua vida pelos outros e teve que enfrentar esse tipo de tratamento de seus próprios parentes e dos aldeões da vila. Todos se revoltaram contra ele, recusando-se a participar do funeral e dos ritos de morte, mas Acharya Shankara permaneceu firme, fazendo tudo sozinho.

Esse exemplo nos lembra que a vida está sempre associada a problemas. A vida de ninguém está livre de problemas. Quando os problemas surgem, devemos enfrentá-los. Aqueles que tentam fugir dos problemas são escapistas. Na Bhagavad Gita, Arjuna, dominado pela fraqueza, emoções, frustrações e depressão, inicialmente queria fugir da sua situação. Mas é isso o que fazem os covardes. Nunca devemos fugir de um problema, mas aceitá-lo e enfrentá-lo com a atitude correta e, depois, superá-lo através da força interior.

Extraído do livro: “Self-Inquiry – The Nirvana Shatkam of Acharya Shankara”, de Paramahamsa Prajnanananda

Um comentário

  1. gostaria de receber todos os livros (escritos) desse avatar divino
    gratidão

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